![]() Embora a igreja Evangélica Assembleia de Deus (IEAD) reconheça a importância e a vigência do Decálogo, na prática ela não segue esta posição doutrinária ao substituir a guarda sabática determinada no quarto mandamento pela tradição da observância dominical criada pela igreja Católica Apostólica Romana(a) (ICAR). A principal alegação utilizada pela IEAD para justificar a guarda do domingo (à semelhança de outras igrejas protestantes), consiste em caracterizar o sábado como um preceito cerimonial encerrado na cruz do Calvário e substituído pelo domingo em decorrência da ressurreição de Jesus. Esta crença, além de estar em conflito direto com os demais mandamentos da lei de Deus (Tiago 2:8-13; Mateus 5:17-19; Lucas 16:17), põe a IEAD em inevitável contradição, uma vez que ela defende os Dez Mandamentos como sendo morais, universais e perpétuos(b).
Soma-se a esse despautério dogmático, a precariedade em atribuir ao sábado característica cerimonial(c), visto que os preceitos cerimoniais foram estabelecidos após a consolidação do pecado neste mundo, e tinham como objetivos: preservar o valor das coisas sagradas; ensinar a necessidade de arrependimento; e, simbolizar o sacrifício de Cristo e Seu ministério de intercessão (Hebreus capítulo 9). Desde a primeira orientação sacrifical ensinada a Adão, passando pelo complexo sistema de sacrifício mosaico, até a crucifixão de Jesus, a Bíblia não faz nenhuma relação entre o sábado presente no Decálogo e as cerimônias figurativas de Cristo. Ademais, as Escrituras não autorizam em momento algum a substituição do sábado pelo domingo.
Origem do Sábado
O sábado foi instituído após o término da criação, antes do pecado; sua origem está vinculada unicamente ao ato e benefícios do poder criativo de Deus, e não aos eventos da cruz do Calvário. Quando a observância sabática foi estabelecida no Éden não havia a necessidade de um redentor, o mundo recém criado encontrava-se em perfeita harmonia (Gênesis 1:31). A Bíblia é categórica sobre a origem do sábado:
Mandamento universal
Assim como os demais preceitos do Decálogo (Êxodo 20:3-17), o quarto mandamento é de aplicabilidade moral, universal e eterna. Santificado e abençoado por Deus, o sábado é destinado para o benefício de toda a humanidade, e em parte alguma das Sagradas Escrituras é dito que ele está restrito aos israelitas; os patriarcas da nação de Israel sequer existiam quando Deus estabeleceu o sábado.
Os textos citados acima revelam indiscutivelmente a universalidade do sábado. Os versos de Ezequiel 20:20-21, que são interpretados intencionalmente às avessas para indicar que o sábado foi destinado somente para o povo de Israel, trazem a palavra "homem" derivada do hebraico "'adam", e que significa: indivíduo humano, espécie humana. A declaração de Deus aos israelenses: "Santificai os Meus sábados, pois servirão de sinal entre Mim e vós", nunca dispensou outros povos desta obrigatoriedade (Isaías 56:6-7 cf. Levítico 24:22; Números 15:15-16). Deus escolheu os israelitas para que conduzissem outras nações aos Seus caminhos, Ele jamais restringiu a Sua lei ao povo de Israel(e) (Êxodo 19:5-6 cf. Romanos 3:2; Isaías 51:4).
Igualmente, em Isaías 56:2, tem-se a palavra "homem" e a expressão "filho de homem" que procedem respectivamente do hebraico "'enowsh" e "ben 'adam", estas expressões referem-se categoricamente a: pessoa(s), ser humano, humanidade. E a mesma abrangência ocorre no verso de Marcos 2:27, onde a palavra "homem" origina-se do grego "anthropos", que por sua vez está literalmente vinculado a: homens, mulheres e crianças, ou seja, envolve todas as pessoas sem distinção.
Mandamento moral
![]() A própria natureza do ser humano no aspecto físico e mental necessita de um repouso regular a cada semana, e o sábado ao mesmo tempo que disponibiliza este descanso, proporciona um dia espiritual exclusivo entre Criador e criatura (principal propósito de Deus ao estabelecê-lo). As horas sagradas do sábado têm a finalidade de promover também uma reunião especial de aprendizado e louvor para o povo de Deus (benefícios naturalmente estendido à família). Seguindo o exemplo de Jesus e Seus discípulos(f), o período sabático deve ser dedicado preponderantemente ao ensino das Escrituras Sagradas e auxílio físico e espiritual dos necessitados;1 atitudes de interesse particular devem ser evitados:
As carências físicas e espirituais humanas foram previstas por Deus, e as bênçãos que auxiliam a saná-las são especialmente concedidas por Ele no Seu santo dia. A vigência, os benefícios e os atributos divinos vinculados ao sábado jamais foram removidos (cf. Malaquias 3:6, Lucas 16:17). Todos os motivos citados tornam a obediência ao quarto mandamento, em vários aspectos, um dever moral e perpétuo. A própria IEAD reconhece a origem e os princípios da observância sabática, apesar de injustificavelmente adotar o repouso dominial em seu lugar:
As declarações acima foram transcritas da literatura oficial da IEAD, e demonstram a enorme contradição em que esta igreja encontra-se envolvida ao incluir o sábado entre os preceitos cerimoniais; obviamente com o intuito de extingui-lo com a crucifixão de Jesus. Como poderia algo idealizado pelo próprio Criador e destinado a beneficiar a humanidade em vários os aspectos, ser considerado meramente simbólico ou cerimonial? É impossível desvencilhar o sábado de sua origem, de seu fundamento moral e de sua imutável universalidade. Além da referida incoerência doutrinária assembleiana (ideologia herdada de outras igrejas cristãs), pode-se citar ainda outro agravante vinculado à ela: considerar o quarto mandamento anulado é automaticamente eliminar a própria base da observância do domingo, pois não existe nenhum outro preceito bíblico que determine um dia de descanso semanal.
Considerações finais
![]() Os quatro primeiros mandamentos do Decálogo resumem a fidelidade e o amor para com o Deus Eterno (Mateus 22:37 cf. Deuteronômio 6:5). E estas coisas Lhe são devidas porque a Ele, todos devem a existência (Jó 12:10). O único preceito da lei que reúne a verdade sobre a criação, que indica quem é o Responsável por ela e, ao mesmo tempo exige a Ele obediência e adoração, é o quarto mandamento. A santificação e as bênçãos específicas de Deus destinadas no dia de sábado não são conferidas a nenhum outro dia da semana.9 Nenhum outro mandamento apresenta esses princípios e atributos divinos. Não há como separar o sábado desta realidade.
O fundamento moral e perpétuo do sábado é demonstrado ainda por Deus ao tê-lo escrito entre mandamentos morais; todos inalteráveis, inseparáveis, infindáveis e universais. E, preocupado com a negligência e ataques(g) que o homem proporcionaria contra esse dia santo, Deus redigiu o quarto mandamento cuidadosamente com um imperioso: "Lembra-te do dia de sábado, para o santificar." (Êxodo 20:8 RA). E este dia tão perseguido, após a eliminação definitiva do pecado e restauração deste mundo às condições originais do Éden, continuará sendo o santo dia do Senhor. O memorial da criação será futuramente caracterizado também como um memorial da redenção e perdurará pela eternidade (Isaías 66:22-23).
a. Acesse: O Concílio de Laodicéia; Do Sábado para o Domingo
c. Acesse: Sábados Semanais e Anuais
d. Acesse: O Selo de Deus
g. Acesse: A Lei de Deus - Adulterada
1. Mateus 12:9-14; Marcos 1:21; Lucas 4:16-17; Lucas 6:6-7; Lucas 4:31-37; Lucas 23:54-56 cf. Mateus 24:20; Marcos 3:1-6; Atos 13:42-44; Atos 16:11-13; Atos 17:1-3; Atos 18:1-4, 11.
2. Bíblia de Estudos Aplicação Pessoal. (2004). Rio de Janeiro: CPAD, p. 7; (comentários sobre Gênesis 2:3).
3. A Bíblia Responde. (1984). 2.ª ed., Rio de Janeiro: CPAD, p. 123; (Sábado ou Domingo?).
4. Bíblia de Estudos Aplicação Pessoal. (2004). Rio de Janeiro: CPAD, p. 112; (comentários sobre Êxodo 20:8-11).
5. RICHARDS, L. O. (2008). Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, 3.ª ed., Rio de Janeiro: CPAD, p. 150.
6. Bíblia de Estudos Aplicação Pessoal. (2004). Rio de Janeiro: CPAD, p. 1242; (comentários sobre Mateus 12:4-5).
7. RHODES, R. (2007). O Cristianismo Segundo a Bíblia: A Religião Cultural e a Verdade Bíblica, 1.ª ed., Rio de Janeiro: CPAD, p. 194-195; Quoted in: Lições Bíblicas: Jovens e Adultos, Rio de Janeiro: CPAD, 4.º trimestre de 2011, lição 11 (O Dia de Adoração e Serviço a Deus).
8. Bíblia de Estudo Pentecostal. (2002). Rio de Janeiro: CPAD, comentários sobre Gênesis 2:3.
9. Gênesis 2:3 cf. Hebreus 4:9-10; Isaías 56:2; Isaías 58:13-14; Marcos 2:27-28.
Outros estudos:
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